domingo, 20 de maio de 2012


REFLEXÕES SOBRE NECESSIDADE DE TÉCNICA CORPORAL...

Passei dias trabalhando ininterruptamente, estou num estado de cansaço intenso, até aqui milhares de questionamentos me ocuparam a mente, muitos mesmo...

O que fazer quando percebemos que já demos tudo fisicamente e ainda falta algo de precisão, de limpeza, que por mais que se tenha boa presença cênica e um trabalho baseado em coisas que te fazem sentido, o trabalho se vê incompleto. Te falta fôlego, te falta força, te falta controle do próprio corpo, para realizar sua idéia da forma mais perfeita possível... Pensei algumas coisas durante a viagem e era apenas a intuição de algo que agora sinto na prática, no corpo que é pensamento, mas é corpo e chega a um limite que grita: "necessito mais treino para realizar isso"... enfim, aí estão as idéias:

Voar, mover-se, mudar

Mudar cansa, dá trabalho, exige que paremos para fazer uma seleção entre os acúmulos: o que me serve, o que não me serve, o que segue comigo, o que eu abandono...

Porém, mudar é movimento e para mover-se necessitas estar preparado, e mais, antes disso tem o tempo de preparo, assim como o longo percurso que o avião faz para decolar. Voar, mudar bruscamente de lugar também coloca a gente diante do risco constante e de outras realidades, é necessário preparo, coragem, há o estresse da mudança, do vôo, do movimento... para estar em um lugar diferente, onde não se domina a língua, as regras, nada. Onde você não se parece com a maioria das pessoas.

Em dança para mim se passa o mesmo, cada dança é um lugar estrangeiro difícil de chegar,  que tem  a necessidade de preparo, de busca, de  aprender a se comunicar de outro jeito, de se encontrar caminhos...

Pois para mover (que para mim significa mudar ou voar) ou seja, em termos de física, fazer esforço... é necessário querer se mover de outro modo, entrar em contato com seus limites, tirar as coisas que já não lhe servem e buscar mais...

Neste momento, para mim mover e mudar são as mesmas palavras... e é dentro disso que está a possibilidade de criação... ou, como me disse hoje meu amigo Cléber Borges:

“...o corpo leva muito tempo para se libertar e se tornar criativo, ele precisa aprender os caminhos "ocultos",  é nesses caminhos que encontramos a "liga" com a arte!”









2 comentários:

  1. Que lindo Rose. Refletir em ação é lindo.
    Lindo por ser vivo e devastadoramente transformador, por isso, bom, não tão bom, prazer e dor. Encantamento e crise. Crise encantada. Encantamento angustiante.
    Desejo que você tenha, simultaneamente e contraditoriamente, leveza e precisão para seguir por aí!
    Sim sim um corpo precisa muito treino, precisa aprender, criar competências específicas para entender suas questões e realizá-la com coerência e eficiência.
    Beijo grande e boa sorte. Você consegue.
    Gladis Tridapalli

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    1. Valeu por continuar acompanhando a trajetória!
      Sim a gente tem que alimentar o hábito do estar sempre olhando para o que fazemos, sentindo onde estão nossas fragilidades e buscando o "não sei", quando encontramos o "não sei" é que surge a possibilidade de renovar-nos... e a partir disso construir novos caminhos, com certeza hoje o dito: "o caminho se faz ao caminhar" me faz muito sentindo, muito mais que a algum tempo atrás... mas eu acrescentaria "o caminho se faz ao caminhar e ao olhar o que já se andou, desiquilibrar-se e cair, para encontrar outro jeito de caminhar nesse caminho...", e nesse sentido tú me ajudaste muito. Obrigada por estar por perto mesmo longe!
      Bjim e aquele abração

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