Este blog é a maneira que encontrei de compartilhar minha experiência
de residência artística e a minha participação no Programa de Apoyo a la Investigácion y Educación Artística con Niñ@s que estou fazendo aqui no México, em um Pueblo chamado Amanalco de Becerra, promovidos pelo La Granja Centro de Arte em conjunto com a e a Coordinación Nacional de Danza del Instituto Nacional de Bellas Artes.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
Sem conclusão
Tudo quase acabando, muito a escrever, vontade da sair para ver as coisas... com o computador a gente resolve depois... muita reflexão nenhuma conclusão... só nos restam as canções...
Canción Con Todos Mercedes Sosa
Salgo a caminar Por la cintura cósmica del sur Piso en la región Más vegetal del tiempo y de la luz Siento al caminar Toda la piel de América en mi piel Y anda en mi sangre un río Que libera en mi voz Su caudal. Sol de alto Perú Rostro Bolivia, estaño y soledad Un verde Brasil besa a mi Chile Cobre y mineral Subo desde el sur Hacia la entraña América y total Pura raíz de un grito Destinado a crecer Y a estallar. Todas las voces, todas Todas las manos, todas Toda la sangre puede Ser canción en el viento. ¡Canta conmigo, canta Hermano americano Libera tu esperanza Con un grito en la voz!
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Eros Y Ananke no Centro Cultural Los Talleres
terça-feira, 22 de maio de 2012
Fazer arte como forma de expansão do olhar
O Projeto Chamaco (este pelo qual vim a trabalhar com as
crianças) é semelhante em muitos aspectos com alguns dos projetos onde já
trabalhei, no entanto há a significativa diferença em relação ao público
atendido. As crianças deste Pueblo de 1044 habitantes ainda têm características
de curiosidade, encantamento e descoberta que em um grau mais elevado já foi
perdida pelas crianças dos grandes centros urbanos.
No entanto, vivem em um universo muito pequeno e também em certa
medida num círculo vicioso, e o projeto Chamaco segundo Mario Villa e Gabriella
Medina está nessa comunidade como uma ferramenta de expansão do universo dessas
crianças, que sim possuem um universo interior riquíssimo, mas que em certa
medida não contam com muitas possibilidades de escolha para o seu futuro, assim
a arte entra como meio de exercitar a imaginação para se encontrar novos meios
de sobrevivência, novas formas de existir. Grande parte dessas crianças
trabalha para ajudar suas famílias na dura tarefa de prover o pão de cada dia,
todavia não deixaram de ser crianças, a arte é colocada aqui como um meio de
expandir esse universo para que se consiga enxergar a possibilidade de uma
existência mais suave.
Esse projeto acontece por meio de duas professoras da única
escola primária do Pueblo que consideram importante as diversas experiências
vividas pelas crianças, são gente realmente comprometida com o ato de educar. É
muito interessante ver a maestra Guille (professora da turma com quem
trabalhei) instigando seus pequenos a pensar, e pensar num sentido mais complexo
como o que coloca Bondía: instigando-os a dar sentido ao que lhes acontecia, ao
que estavam sendo no momento em que fazíamos as atividades.
Assim, penso que as atividades que realizamos foram muito
importantes para a formação dessas crianças de 8 anos, que jamais teriam acesso
a atividades complexas como as que fizemos.
E que apesar de haver muitos pontos positivos neste lugar, a
população forma juntamente com uma série de “pueblos” espalhados pelo mundo à base
dessa organização social nefasta na qual vivemos e que cedo ou tarde vai tirar a
alma dessas crianças...
*Referências: Jorge Larrosa Bondía, artigo: Notas sobre a
experiência e o saber da experiência, disponível em: http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE19/RBDE19_04_JORGE_LARROSA_BONDIA.pdf
domingo, 20 de maio de 2012
REFLEXÕES SOBRE NECESSIDADE DE TÉCNICA CORPORAL...
Passei dias trabalhando ininterruptamente, estou num estado de
cansaço intenso, até aqui milhares de questionamentos me ocuparam a mente,
muitos mesmo...
O que fazer quando percebemos que já demos tudo fisicamente e
ainda falta algo de precisão, de limpeza, que por mais que se tenha boa presença
cênica e um trabalho baseado em coisas que te fazem sentido, o trabalho se vê
incompleto. Te falta fôlego, te falta força, te falta controle do próprio
corpo, para realizar sua idéia da forma mais perfeita possível... Pensei
algumas coisas durante a viagem e era apenas a intuição de algo que agora sinto
na prática, no corpo que é pensamento, mas é corpo e chega a um limite que
grita: "necessito mais treino para realizar isso"... enfim, aí estão as idéias:
Voar, mover-se, mudar
Mudar cansa, dá trabalho, exige que paremos para fazer uma
seleção entre os acúmulos: o que me serve, o que não me serve, o que segue
comigo, o que eu abandono...
Porém, mudar é movimento e para mover-se necessitas estar
preparado, e mais, antes disso tem o tempo de preparo, assim como o longo
percurso que o avião faz para decolar. Voar, mudar bruscamente de lugar também
coloca a gente diante do risco constante e de outras realidades, é necessário preparo, coragem, há o
estresse da mudança, do vôo, do movimento... para estar em um lugar diferente,
onde não se domina a língua, as regras, nada. Onde você não se parece com a maioria
das pessoas.
Em dança para mim se passa o mesmo, cada dança é um lugar
estrangeiro difícil de chegar, que
tem a necessidade de preparo, de busca,
de aprender a se comunicar de outro
jeito, de se encontrar caminhos...
Pois para mover (que para mim significa mudar ou voar) ou
seja, em termos de física, fazer esforço... é necessário querer se mover de
outro modo, entrar em contato com seus limites, tirar as coisas que já não lhe
servem e buscar mais...
Neste momento, para mim mover e mudar são as mesmas
palavras... e é dentro disso que está a possibilidade de criação... ou, como me disse hoje meu amigo Cléber Borges:
“...o corpo leva muito tempo para se libertar e se tornar
criativo, ele precisa aprender os caminhos "ocultos", é nesses caminhos que encontramos a "liga" com a arte!”
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Tempo, tempo, tempo... que escorre por entre os dedos...
Gente, a coisa aqui tá corrida!!! A internet está um tanto quanto falha, entao fica difícil fazer os registros, creio que chagando a D.F. terei melhores condições de postar os acontecimentos deste processo... algumas inspirações de trabalho... e algumas fotos da primeira mostra...
A Carlos Drummond de Andrade
João
Cabral de Melo Neto
Não há guarda-chuva
contra o poema
subindo de regiões onde tudo é surpresa
como uma flor mesmo num canteiro. Não há
guarda-chuva
contra o amor
que mastiga e cospe como qualquer boca,
que tritura como um desastre. Não há
guarda-chuva
contra o tédio:
o tédio das quatro paredes, das quatro
estações, dos quatro pontos cardeais. Não há
guarda-chuva
contra o mundo
cada dia devorado nos jornais
sob as espécies de papel e tinta. Não há
guarda-chuva
contra o tempo,
rio fluindo sob a casa, correnteza
carregando os dias, os cabelos.
Texto extraído do livro "João Cabral de Melo Neto - Obra completa",
Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1994, pág. 79.
Corre Lola Corre (mais Ojos de Brujo!)
Historias de perdedores siempre ha habido y siempre habrá historias de almas gemelas valientes ante el azar.
Historias de perdedoras siempre ha habido y siempre habrá historias de almas que vuelan de esta cruda realidad.
Corre Lola corre Corre alto y vuela Lejos de estas calles Donde reparten miseria
Corre Lola corre Corre alto y vuela Lejos de este infierno que te va a llevar a la trena
¡¡¡Corre Lola corre!!!
Deambulando por la calle sin nada en los bolsillos nada que ganar todo que perder sabiendo que te has ido que espero yo de un mundo donde vales lo que tienes y yo no tengo ná de ná
Desesperá por la calle buscando una salida donde poder escapar miradas por las esquinas mientras lucen aparentes mente en blanco y solamente tú buscando un trago más
Y ésta es la vida que dice, La vide que empuja, empuja Y ésta es la vida que dice, La vide que empuja, empuja Y ésta es la vida que dice, La vide que empuja, empuja Y ésta es la vida que empuja Empuja, empuja, empuja
Yo no tengo más ay! que este corazón Guardo la distancio ay! entre tú y yo Ni pena ni gloria Si esto es una noria Cariño sincero Añejo sabe mejor
Ya no quiero ná más ná que yo ya lo tengo tó Guardo tu recuerdo Tengo tu calor Ni pena ni gloria Si esto es una noria Corre Lola libre así es como te quiero yo.
Es la vida la que empuja y la que aprieta quien conoce el camino de vuelta Es la vida la que empuja y la que aprieta.
Historias de perdedores siempre ha habido y siempre habrá historias de almas gemelas valientes ante el azar.
Historias de perdedoras siempre ha habido y siempre habrá historias de almas que vuelan de esta cruda realidad.
Corre Lola corre Corre alto y vuela Lejos de estas calles Donde reparten miseria
Corre Lola corre Corre alto y vuela Lejos de este infierno que te va a llevar a la trena
¡¡¡Corre Lola corre!!!
Deambulando por la calle sin nada en los bolsillos nada que ganar todo que perder sabiendo que te has ido que espero yo de un mundo donde vales lo que tienes y yo no tengo ná de ná
Desesperá por la calle buscando una salida donde poder escapar miradas por las esquinas mientras lucen aparentes mente en blanco y solamente tú buscando un trago más
Y ésta es la vida que dice, La vide que empuja, empuja Y ésta es la vida que dice, La vide que empuja, empuja Y ésta es la vida que dice, La vide que empuja, empuja Y ésta es la vida que empuja Empuja, empuja, empuja
Yo no tengo más ay! que este corazón Guardo la distancio ay! entre tú y yo Ni pena ni gloria Si esto es una noria Cariño sincero Añejo sabe mejor
Ya no quiero ná más ná que yo ya lo tengo tó Guardo tu recuerdo Tengo tu calor Ni pena ni gloria Si esto es una noria Corre Lola libre así es como te quiero yo.
Es la vida la que empuja y la que aprieta quien conoce el camino de vuelta Es la vida la que empuja y la que aprieta.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Y los niños....
Até o momento não consegui juntar palavras que sejam capaz de descrever essa experiência... então por enquanto, ficam as imagens...
Mais refexões sobre a fronteira
Parece contraditório alguém que estudou sobre a identidade e
todo esse engodo da noção depátria,
evocar a idéia de fronteira relacionada a arte...
No entanto, a idéia que coloco aqui para compartilhar meu
trabalho é a idéia de fronteira como limite entre eu e o outro.
Pensar a fronteira para mim é algo muito forte nesse
momento, pois é na fronteira que você deixa de ser mais uma na multidão e passa
a ser o diferente percebido a todos instantes. É na fronteira que você começa a
ver os limites do seu entendimento, por mais que saibas a língua, você não é do
lugar, e é impossível compreender os costumes, os códigos, os comportamentos...
e então se chega a conclusão de que o estrangeiro será sempre estrangeiro, pode
assimilar muito bem o que se passa, mas nunca vai fazer parte desse todo. A
fronteira é o lugar onde algumas leis que você conhece são válidas e outras
deixam de existir, onde você começa a lidar com novas leis, é também o
principal lugar de infração das leis de ambos os lados...
Como disse um professor meu uma vez: a pele é a fronteira
entre eu e o mundo, é o que determina o que não sou... onde termina eu e começa
todo o resto do mundo...
É também na fronteira que acontece o encontro entre as
curiosidades minha sobre o outro que é diferente para mim e vice-versa, e nesse
momento nós dois temos que expandir “nossas fronteiras” paranos fazermos entender um para o outro e
tornar possível o compartilhamento de algo, logo é na fronteira que encontro o
outro em mim e por um momento formamos uma unidade. Ou seja, na fronteira mora as
contraditoriedades, as possibilidades de diversidade e unidade, e uma vez
atravessada a fronteira não se pode voltar a ver as coisas como se via antes,
atravessar a fronteira é mergulhar no desconhecido... é sair da suposição e
entrar na experiência...
Quando se fala de
dança essa idéia se expande para o olhar, creio que estou buscando a dança da
fronteira, que não é feita só do meu olhar, mas é feita também do olhar do
outro.Nesse entendimento criar torna-se
um ato quase sagrado e a criação de fato só acontece no momento de encontro com
o outro, antes disso tudo está no campo da possibilidade...
Assim, movida por essas reflexões é que tenho construído meu
trabalho cênico, o trabalho com as crianças, este blog...
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Qual o motivo da fronteira?
Ojos de Brujo lindamente respondem por mim... (sim, é a música que estava lá na primeira postagem... mas a letra é linda e merece ser lida como poesia!) Além do mais, tem me inspirado muito...
Todo Tiendo (Ojos de Brujo)
Mendigando eternidades
mendigos piden a mendigos
lo que no tienen ni pueden darse.
Traspasar los siete mares
espejismo tatuado
laberinto de conciencia y nacen cantes.
Ser errante
bandolero de galaxias y fronteras infinitas
cuanto viaje!!! cuanto viaje!!!
Coge las riendas al vuelo, aspira, mira,
tira desde ras del suelo, lo que de vida
corazón que palpite, sangre que se agite
y quite mierda que te impida movimiento y movida
Temperamento que crezca por dentro
intenso y lento como fuego ardiendo
al cien por ciento mente en blanco, puño al viento
siéntelo como lo mueve, navegando, zig zag sentimientos
elementos desatan momentos aquí y así, para más intentos.
Falta esperanza
¡ avanza !
a pasos de gigante más guerra que avanza
el mundo está loco, elijo hablar y grito
¡levanta!
¡levanta!
Quien no sabe el principio del final
cristales rotos cada mañana
gritos y ritos, causas, efectos, efectos y causas
Siempre tiende-ende-ende, todo tiende-ende entiéndeme!!
pal lao que más nos pesa-esa o el lao que más nos duele-ele
Algo tiende-ende ay!!! siempre tiende
veinte gramos pesan más que toda mi suerte.
Música lanzando llamas recuerda miseria mordiendo tajante
aleja la hoguera, la rabia, el impacto, la gloria por unos instantes
Ontem fui ao pueblo, vi a gente bonita e colorida da cidade,
a gente bonita da cidade também notou minha presença... O diferente é mesmo
encantador!
Voltando para La Granja, ouvi uma música alegre ao longe com
caixa, bumbo e trompetes, fiquei curiosa e parei para olhar, logo vi um monte
de gente, algo como um cortejo com música, pensei que se tratava de algum
evento para santo, romaria, enfim, coisa do tipo... e então dois homens que
estavam de passagem olharam e disseram: “Olha, mais um defunto!”
Minha curiosidade aumentou, como uma música tão alegre podia
acompanhar um enterro? Fiquei com vontade de voltar de voltar para acompanhar o
enterro e ver como a gente daqui se relaciona com a morte... Mas resolvi não
ir, há que se respeitar a morte, e um enterro
não é um evento folclórico ou turístico... Impus limite a minha
curiosidade e voltei para La Granja.
À tarde terminei de ler um artigo de Marco Giannotti: Andy
Warhol ou a sombra da imagem. Embora eu não seja partidária da pop art, Warhol
tinha uma percepção do trabalho de sombras que ao meu ver é fantástica (para
quem ficou curioso ver Shadowns de Andy
Warhol, 1972). Para Warhol a sombra é ausência mas também é possibilidade, eu me identifico muito com essa noção: “Warhol faz da sombra não apenas um murmúrio
platônico, converte essa ausência numa alavanca para novas possibilidades que
se apresentam na repetição. Ao celebrar a ausência está celebrando novas
possibilidades para a pintura.” (Giannotti)
Em uma outra parte do artigo há um depoimento de Warhol: “...me dei conta de que tudo o que crio está
ligado à morte...” (Warhol, apud
Giannotti)Essa afirmação me fez estremecer, pensei sobre a minha relação com a morte, sobre a
curiosidade e interesse que tenho desde criança em relação a essa face da vida,
sobre o fato de sempre me dar conta da
proximidade da morte, tanto que um cortejo funerário me hipnotizara horas
antes... E então comecei a refletir sobre o meu trabalho, estou dançando a
necessidade, falta (Ananke) de Eros (amor), isso mais relacionado com
as pequenas mortes que vivemos diariamente...
Esse tema é algo muito presente na minha vida nesse momento,
e também muito presente no mundo, no qual as relações humanas são descartáveis
e no qual os vínculos afetivos somem sem deixar rastros, e tudo o que sobra é
uma imensa falta... E dessa sensação de falta se alimenta o mercado da felicidade,
o capitalismo pós-moderno mais que selvagem... Enfim, de volta a Bauman, de
volta ao Amor Líquido... Mas creio que de forma mais profunda... Retomarei essa
leitura...
E lá vou eu, transformar feridas em poesia...
REFERÊNCIAS:
GIANNOTTI, M. Andy Warhol ou a sombra da imagem. In Ars, dos
autores e do Departamento de Artes Plásticas. ECA/ USP, São Paulo, Brasil,
2004.
sábado, 5 de maio de 2012
Que Pasa?
Este blog é a maneira que encontrei de compartilhar minha
experiência com você amigo que me pediu para manter contato, com você leitor
conhecido que ficou curioso, com você leitor de passagem que o pesquisador do
Google trouxe até esta página.
A experiência que quero compartilhar é uma residência
artística que estou fazendo aqui no México, em um Pueblo chamado Amanalco de
Becerra(bem parecido com um lugar onde estive no começo do ano chamado
Virgínia, em Minas Gerais), em rancho que se chama La Granja Centro Cultural.
Um lugar bem pequeno... Aqui vou reencontrar meu trabalho de dança em sombra
Eros e Ananke, e vou trabalhar dança em sombras com crianças também.
Mas creio que é uma experiência de arte/vida... porque desde
o primeiro dia em que cheguei aqui, muita coisa me passa...
Como é a primeira vez que saio do meu país, estou passando
pela sensação de ser estrangeira. Ser estrangeira é algo muito curioso, a forma
como as pessoas me olham, ao contrario do que muita gente pensa, não há tantos
negros no México, pelo menos não na Cidade do México, e em Amanalco, então aqui
sou muito diferente... Junto com noção de ser estrangeira, vem noção de ser
turista (o turismo é uma das maiores fontes de renda do México), porque as
pessoas me olham e sabem que eu não sou daqui, que estou passeando, logo pensam
que tenho dinheiro para consumir tudo o que elas me oferecem, já tinha
refletido um pouco sobre as relações predatórias do turismo, mas passar por
essa sensação de ser a turista é algo que ainda vou elaborar, porque foi algo
que me chocou bastante... desenvolverei mas para frente.
Enfim, estar em um lugar com uma altitude muito diferente,
onde me sinto mole e com sono grande parte do tempo, com pouca humidade no ar,
ouvindo outros sons a todo momento, com outras referencias culturais e mesmo
sociais, me faz refletir muito sobre as coisas que penso, como me posiciono no
mundo, sobre as coisas que danço, sobre que sentido tem minha dança e até onde
o meu discurso é válido...
Todos esses elementos colocam em dúvida muito do que eu
tenho pensado até aqui, a caminho daqui eu li Sidarta, um livro de Hermann
Hesse, que se trata de um homem que caminha rumo ao conhecimento, é um livro
fantástico, e nessa caminhada ele sempre está começando novamente, é um caminho
cheio de dúvidas e de novos começos, e nesse sentido me sinto assim, muito em
dúvida, me parece que estou começando de novo, um outro caminho, uma outra
forma de ver o mundo, logo de ver/fazer arte...
Brindo-os com uma das primeiras imagens que tomei... e com uma bela canção que conheci aqui...